ESPAÇO APRENDER

FILHOS DOS AVÓS

Dia desses, um aluninho meu da Educação Infantil, brincando com outro colega, teve sua coxa chutada durante a brincadeira. Era próximo a saída e conversei com a mãe daquele que chutou e depois falaria com o responsável. O garoto andava normalmente, náo inchou , ou seja, coisa normal de criança, mas deveria comunicar o responsável que ia buscá-lo. O portão é aberto, mães, pais, e de repente, um senhor entra e vem ao encontro do menino; Pergunto:
_ O sr, é o pai dele ?
Rispidamente, ele responde que é.Começo a contar o ocorrido quando o senhor mau encarado,retruca:
"_ Que porra é essa ? Ninguém viu ? Que droga!"
Eu só tentava explicar àquele homem que a criança brincava e numa brincadeira de luta, um outro acabou chutando a criança.
Numa determinada hora, ele deixa escapar que é avô do menino e grita comigo, com todos que lá estavam.
No final das contas, ele sai xingando, resmungando sem se dar conta que o menino estava acuado, com medo. Na verdade, me dei conta que nunca ouvi direito a voz daquele garoto. Fala baixo, se expressa pouco, libera-se na hora do parque.
Tudo isso para ilustrar o seguinte. Vamos por hipóteses: caso o garoto tivesse se machucado de fato, teria sido levado ao hospital. Se não estivesse olhando, não teria ido conversar com o "bad" avô. Mas a revolta do fato é ser tratada como lixo, por mais educada que estivesse sendo. Lixo, assim que o professor é tratado por uma parte da comunidade escolar.
Somos funcionários do povo sim ,mas não somos privadas onde qualquer pessoa possa depositar os dejetos de sua personalidade.
Durante o ano letivo, passo sem conhecer pais e mães. Conheço avós, que pseudo assumem o papel de provedor e tentam dar aos netos a proteção que seus pais não dão. Com isso, protegem as crianças de forma exacerbada, impedindo que tenhar a cicatriz de uma brincadeira. Não se tratava de socorro, tratava-se de comunicar algo corriqueiro que toda criança passa. Mas você amigo leirtor pode pensar: " se é corriqueiro por que falar ?" A resposta é: a criança falando que caiu, outro coleguinha empurrou, chutou, de qualquer maneira, vem a cobrança.
O questionamento aqui é porque chegar com tanta brutalidade para falar com alguém ?
Somos professores para ensinar, cuidar, mas não para ser saco de pancada das mazelas sociais e familiares.

Um comentário:

Fanzine Episódio Cultural disse...

Muitos poderão dizer: "Ah, se fosse no meu tempo...!". Hoje emdia tudo está um verdadeiro inferno: alunos não respeitam o professor; professor se sente encurralado; a família tornou-se uma instituição falida; o Governo empurra tudocom a barriga; a bata quente e o pepino são cotidianos em nossas mãos... enfim, tá tudo uma verdadeira zona!
Quem vai arrrumar tudo isso? talvez o último que irá apagar a luz...