ESPAÇO APRENDER

REFLETINDO SOBRE A ESCOLA


                Depois de algum tempo em recesso, volto a postar.  Deixei de dar aula na rede estadual de São Paulo e o fiz sem medo. Por quase 22 anos prestei meus serviços a um governo que, por todas as administrações que passei , nada ou quase nada fizeram pela educação paulista.
                Digo isso, pois essa desgraça chamada progressão continuada colocou todos num patamar abaixo de zero. Com o pretexto de aumentar a auto-estima dos alunos, rebaixaram o nível de exigências para que ele progredisse de nível. Pois bem. Em todas as capacitações que participei, o aluno sempre era visto como se tivessem piedade dele, como se o fato de ter uma dificuldade ou de não ter uma família presente, fizessem dele um  ser que para lograr êxito, precisasse que sua vida fosse facilitada ao máximo. Então, programas de alfabetização na antiga terceira série, PIC, ou qualquer outra sigla, deveriam garantir ao aluno, o letramento necessário para progredir.
                Em 2009, meu último ano no Estado, tive alunos oriundos desse tipo de sala. Ressalto que a professora que trabalho com eles em 2008, é uma pessoa extremamente comprometida com a educação, competente e não mediu esforços para alfabetizá-los. Porém, de 5 alunos que tive dessa sala apenas dois conseguiram avançar e ir decentemente para o quinto ano.
                Minha amiga ficou quase louca com aquela sala, pois haviam  dói problemas cruciais: excesso de falta e indisciplina. Nenhuma dessas famílias estavam comprometidas com sua prole e sendo assim, a professora que se danasse ! Como qualquer criatura em seu juízo perfeito aprende gritando, batendo no colega e quando solicitados os pais, não compareciam.
                Estou narrando esses fatos pois minha paciência acabou. Somos esmagados pelo governo, opinião pública e comunidade escolar. Eu mesma era criticada por dar muita lição. Mamães iam reclamar dizendo que a mãozinha do filhinho doía pois escreveu muito. Então volto a questionar: escola é lugar de quê ? Se não for para ensinar, é melhor que se fechem as portas, pois algumas coisas são óbvias:
  • Boteco – lugar de encher a cara
  • Motel – transar ( e aí começa nosso problema, pois a “mina” entra lá com o “mano”, um hoje, outro amanhã e quem será o pai da criança ?) R.: A PROFESSORA.
  • Delegacia – denunciar o marido  pois levou porrada quando o cara chegou do boteco, bêbado
  • Hospital – lugar para onde se é levado quando se está doente, nos acidentamos
  • Escola – restaurante, consultório psicológico, consultório dentário, oftalmológico, combate a Dengue ( faz mais de uma década e  os caras não aprenderam como evitar), confessionário,  posto de saúde, papelaria ( com kits de” primeira linha”)oferecidos pelo governo.  Se faz de tudo na escola, menos estudar. Aluno vai mal no SARESP,  professor incompetente, nunca família ausente e relapsa.
Com relação a esses kits, cansei de ver motoqueiros com as mochilas dadas pelo governo, mas tudo isso não importa...
Importa apenas que existe um palhaço que vai todos os dias ser motivo de desprezo pelo alunado, que não está nem aí com o idiota lá na frente. Não tem importância. A vida  mostrará que filho é para sempre, aluno é temporário e o mercado de trabalho não se importará com a auto- estima desses seres que hoje debocham do palhaço chamado professor.
Recado ao governo: nem todos acreditam em belas campanhas publicitárias. A verdade sempre aparece.

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