ESPAÇO APRENDER

UM FUTURO ÁCIDO


Minhas colegas estão colaborando com este blog. Recebi essa mensagem por email . Retrata bem um futuro não tão distante...






AOS MEUS AMIGOS PROFESSORES... 

(e aos demais)
PARA SE PENSAR . . . 


O ano é 2059 D.C. - ou seja, daqui a cinquenta anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação: 

– Vovô, por que o mundo está acabando? 

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a
resposta:

– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.


– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor? 


O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e
dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos
anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar,
escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas
outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar. 

– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios? 

– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes
professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos. 

– E como foi que eles desapareceram, vovô? 

– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos
poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que
veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram
com todas as formas de avaliação dos aluno s, apenas para mostrar
estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os
alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os
alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. 
 
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores,
que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram
ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que
estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu
pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios
pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a
multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas
mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos
pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo
“gerenciar a relação com o aluno”.


O professores eram vítimas da violência –
física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.



Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na
obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer
faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando
vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com
as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos
passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e
nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.

Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram
gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum
tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram
descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram
políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol,
artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma
formação ou contribuição real para a sociedade.

Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa
chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira
e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do
país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república
sindical no país. Eles fracassaram, por que a tal da república sindical se
instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação
automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia
nos professores. Não sei o que foi pior – os milicos ou os tais dos
subversivos.

– Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?

– Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais...

Autoria Desconhecida








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